quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Frohes Neues Jahr

A mensagem anterior refere-se ao mês de Dezembro, como devem ter entendido (ah nunca perguntem a um espanhol entiendes?, tem um duplo sentido e ele pode sentir-se ofendido por termos achado que era gay :) ).

Estamos em Janeiro e falta menos de um mês para o meu estágio aqui na Alemanha terminar. Falta também menos de um mês para que possa ir ao cinema sem me preocupar se é versão original ou dobrada e para poder fazer conversa com todas as pessoas que me aparecerem à frente, sem ter que dizer não falo muito bem alemão ou não percebo. Se falasse melhor alemão, a minha vida aqui seria bem mais fácil, sentir-me-ia em casa!


No entanto, há coisas que não vou esquecer aqui, como a cerveja do Ratskeller, o appfelstrudel do Café Chaos, o calor do Schlosskeller, as noites de terça-feira do 603, os jantares em minha casa com os portugueses e meus companheiros de casa, os encontros com a professora de alemão e o pessoal do curso no Bockshaut (e o Kochkäse aqui yiammi), a excentricidade das aulas de dança tradicionais, os cromos da salsa, os almoços na cantina com os meus melhores companheiros, Bruno e Imran, o submundo do Blumen, o ataque à cozinha da INI com a Swetlana, as tardes a beber cerveja com o Daniel e o Mark, o verão quente e a neve de Darmstadt.

Weihnacht ist hier!

A época natalícia. Pois é, pensei que estar longe da família e amigos se tornasse mais complicado nesta altura, mas não se tornou assim tão saudoso. Nesta última semana uma pessoa tem de se desdobrar em dois para estar presente em todos os acontecimentos natalícios.
Desde jantares de natal com os colegas de trabalho e com o pessoal do curso de alemão, concertos de natal e outros eventos culturais a idas ao weihnachtsmarkt para beber um vinho quente (Glühwein) e comer langosh (comida típica da Hungria, eu e a swetlana já batemos o recorde de quem consegue comer mais "langoshs" durante um mês), é preciso que o dia estique para conseguir fazer tudo.
Infelizmente, dado que a minha máquina digital se estragou, não tenho fotos que vos clarifiquem este momento especial na Alemanha, no entanto imaginem muita luz e muitos pinheiros de Natal em diferentes espaços e voilà.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Modos de trabalhar

A INI-GraphicsNet Stiftung (Fundação) não trabalha apenas, como o próprio nome indica na área da computação gráfica. Embora tenha sido criada por pessoas ligadas ao instituto Fraunhofer para a computação gráfica, e os projectos europeus que sustentam maioritariamente a sua existência sejam na área tecnológica, a sua participação mais ligada à economia da inovação tem vindo a crescer. É exemplo de projecto nesta área o KIS4SAT, um projecto europeu que pretende promover o crescimento de PMEs ligadas ao sector dos satélites. Para isso, a fundação e a empresa spin-off a ela associada (INI-Novation) têm como principal papel a definição, através da elaboração de um relatório, das competências de gestão cruciais para este tipo de empresas e a preparação de um training package adaptado às suas exigências particulares. Isto é apenas um workpackage que nós lideramos, de entre aproximadamente 7, que em conjunto constituem o KIS4SAT.

A dinâmica de trabalho é muito diferente em relação a Portugal? Bom, tendo trabalhado numa Organização Não Governamental chamada TESE durante 7 meses e mesmo sabendo que não tenho muita experiência no sector privado, achava até há pouco tempo que trabalhar em Portugal ou no estrangeiro não é assim tão diferente. No entanto, pergunto-me, porque é que a Alemanha é a maior economia da Europa e Portugal vê-se sempre à rasca quando falamos de crescimento económico?

Pelo que me chega aos ouvidos, através de conversas com portugueses que tenho conhecido aqui, os incentivos oferecidos no estrangeiro são significativamente maiores.
Pelos vistos à ligeiras diferenças no trabalho em Portugal, pelas quais ainda não tinha dado conta. O valor que é dado ao trabalhador português é muito baixo (talvez por boas razões, antigamente a ainda actualmente tem-se ideia de que estes tentam de tudo para escapar ao trabalho). Mas será que esta tendência dos portugueses não tem vindo a diminuir?

Enquanto as empresas não valorizarem os seus trabalhadores, a tendência será para que Portugal perca cada vez mais mão-de-obra qualificada, que prefere por diversas razões vir para o estrangeiro trabalhar. Isto porque primeiro, o seu salário aumenta ao mesmo tempo que os seus custos de vida aumentam, mas não na mesma proporção. Segundo, o trabalhador consegue cumprir com os seus deveres a tempo e horas, salvo algumas excepções, sendo compatível a manutenção de uma vida social para além do trabalho . Terceiro, as hierarquias de trabalho existem mas não são insistentemente mostradas nem o fosso monetário entre diferentes hierarquias é tão exagerado. Aqui não é necessário progredir na carreira para se viver suficientemente bem.

Até agora o meu trabalho tem sido desafiante e ao mesmo tempo descontraído com pessoas como o Bruno, Mark, Daniel, Thörsten e Swetlana a darem um empurrãozinho na maneira como se lida com este no dia-a-dia. Tenho me apercebido que as pessoas fazem toda a diferença na minha aprendizagem profissional.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Finding Darmstadt

Há algum tempo atrás cheguei a Darmstadt (em bom português lê-se Dárrmchtad), uma cidade a 20 minutos de Frankfurt, no Estado de Hessen, Alemanha.
Depois de fazer uma curta viagem de avião, a primeira sensação que tive foi de um silêncio tremendo ao sair do avião, o que no segundo aeroporto mais movimentado aeroporto da Europa, é assustador.
A segunda impressão que tive foi já da cidade. A sua praça principal fez-me lembrar Amesterdão, uma pessoa tem de ter cuidado para não ser atropelada nem por bicicletas nem por eléctricos. A pouco e pouco, começo a apreciá-la, embora a cidade não seja grande, tem as suas vantagens.
A qualidade de vida dos alemães não é medida pela dimensão da cidade onde vivem, mas pela calma e tranquilidade do sítio que os rodeia, uma boa conversa acompanhada por uma cerveja de 0,5l em cafés como o Ratskeller (é o café mais representativo da cidade que produz cerveja na sua cave) é uma óptima solução para aproveitar os últimos raios de sol. Qualidade de vida também é sinónimo de um bom passeio pela natureza ao fim de semana. O domingo é dia sagrado, não se vê vivalma na rua, a maior parte das pessoas aproveita para respirar a tranquilidade e o ar puro das vilas perto de Darmstadt através de um passeio de bicicleta.
Outro indicador de qualidade de vida é o espaço que uma cidade tem. Com cerca de 140 mil habitantes tem uma área superficial maior que a de Lisboa e a do Porto. Não vivem todos encafuados no mesmo buraco, nem são dominados por empresas de construção civil e por pensamentos de que viver no centro é que é bom. Por outro lado, também é verdade que os meios de transporte são melhores, mas ao mesmo tempo, muito mais caros do que em Portugal.

A terceira impressão que criei foi a partir de uma conversa inesperada para o primeiro dia de trabalho. Primeiro almoço de trabalho e o tópico de conversa: Hitler e o período que esteve no poder. Começo da conversa: Quais as características ideiais dos políticos? Após algumas ideias chegámos à discussão sobre o carisma de Hitler e à frase de desacordo "Do ponto de vista económico, a Alemanha nunca se desenvolveu tanto num espaço tão curto de tempo, como quando ele esteve no poder".
O que significa "ponto de vista económico"? Estritamente económico? Em que só olhamos para números do PIB e dizemos "uau". Como aprendi há algum tempo atrás, demora-se décadas a conseguir construir uma economia, mas pouco tempo é preciso para conseguir arruiná-la.
Com este primeiro dia de trabalho, consegui começar a perceber como são os alemães, muito pouco preconceituosos, sem tabus e muito atenciosos, hospitaleiros.